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O mundo Onírico

Foto do escritor: Iris CapitanoIris Capitano

Atualizado: 14 de dez. de 2023

27.09.2022

 

Sonhos são únicos e, em sua maioria, dizem respeito ao que se passa no interior de uma pessoa. Os simbolismos de cada elemento e situação vão variar de acordo com as vivências de cada ser. Geralmente tenho certa facilidade em interpretar os meus, porém eles criaram tendências, cenários e criaturas que se repetem ao decorrer dos mesmos. Eu chamo de Mundo Onírico. Ainda não entendo esse mundo e precisarei investigá-lo. Para me facilitar, pedi a um amigo que desenhasse um mapa para mim, com as informações que passarei sobre este mundo. Ficando pronto, postarei o mapa neste diário.

Agora é necessário escrever tudo que me lembro sobre cada local, criatura e tendência deste mundo. Comecei introduzindo o assunto através dos Prados do Fauno. Darei continuação neste registro.

 

A cidade perdida

Se estabelece na base de um morro. É uma cidade de construções antigas, não sei dizer o período, a maioria um tanto deteriorada pelo tempo. Os templos e bibliotecas, todos feitos com colunas muito bem arquitetadas, indicam uma cidade que já foi próspera e culta. Não se sabe sobre seu passado, mas há um segredo sobre suas atuais ruínas abandonadas: a Cidade Perdida, atualmente, guarda escondido um tesouro misterioso e de valor inestimável. Os poucos que sabem sobre este segredo não fazem ideia do que pode ser o tesouro, mas sabem que sua importância vai além de qualquer quantia de ouro ou pedras preciosas.


Eu tive o prazer de visitar essa cidade uma única vez em sonho. Depois disso, a vejo ao longe e guardo o anseio quase incontrolável de voltar ao local, mas nunca consigo. Vê-la me traz a sensação de mistério, de perigo e conforto ao mesmo tempo, alimenta minh'alma. Seu ambiente é lúgubre, úmido, sempre coberto por um nevoeiro que parece incitar qualquer coração selvagem para que entre e se perca em seu meio. Por mais que eu queira retornar, nunca volto. Nunca!

 

As catacumbas

Ficam no caminho entre os Prados do fauno e o riacho. São catacumbas antigas. Sua entrada é uma construção quadrada com adereços, lembra um mini templo gótico. Seu exterior é coberto por musgos, samambaias e plantas trepadeiras. Pode-se perceber que estão abandonadas. Não gosto de lá! Uma vez que explorei seu local percebi que, antigamente, eram usadas para cultuar deuses das sombras e demônios. Tinham relação também com deuses egípcios. Um instinto me disse que eram feitos, ali, rituais de sangue. O mesmo instinto revelou que alguém ainda usava o local com o mesmo intuito.


Procuro me manter afastada de lá quando estou caminhando pelo Mundo Onírico. A energia é extremamente pesada, oculta e fúnebre. E existe o risco de acabar encontrando a ou as pessoas que utilizam o local. A sensação que o ambiente passa é a de que sempre há alguém observando escondido.

 

A casa da bruxa

Uma vez explorando a região das Catacumbas, avancei numa trilha que segue em direção à base de outro morro. Lá encontrei, novamente, a casa de uma bruxa. Aquela casa é umas das coisas mais antigas do Mundo Onírico. Ela sempre esteve lá, desde o começo, desde a criação de tudo! Desde que eu esbarrei na Garota Muda na Floresta das Sombras.

Nos sonhos antigos existia uma lenda: dentro da casa com aparência abandonada havia uma bruxa louca que se alimentava de carne humana. Eu sempre tentei me aproximar do local. Aquela casa, ela sempre me chamou! Porém, uma vez tive a infelicidade de encontrar a bruxa na entrada da frente. Ela correu atrás de mim, gritando extremamente alto com uma voz rouca, aguda e histérica. Tentou me capturar para se alimentar de meu corpo. Eu escapei por um triz.


Passaram-se anos e eu achei novamente aquela casa através do caminho das Catacumbas. Mas estava vazia. Vasculhando o local encontrei uma casinha de madeira aos fundos da casa prrincipal, mas essa tinha um sótão. Aquele instinto de antes me contou que havia segredos ali, naquele sótão. Comecei a procurar, mas tinham enigmas que levavam a outros. Eu precisava, mais que tudo, descobrir aqueles segredos! Pouco se enxergava naquele lugar. As duas únicas janelas estavam cobertas por trepadeiras e isso ocasionava em um ambiente de sombras. Apenas era possível enxergar com uma lanterna. Os raros feixes de luz que entravam, mirando em estantes, revelavam um local completamente empoeirado. Ninguém mexia ali a muito tempo. Passei apenas alguns poucos minutos procurando, quando ouvi um ruído grave vindo das sombras de um dos cantos do cômodo. Senti medo correr pelo meu corpo e minha respiração ficar ofegante. Foi quando saltou em minha direção um lince enorme. Consegui escapar e corri até a saída da casinha. Quando já estava do lado de fora, olhei para trás e vi que o lince ainda corria em minha direção. Ele tinha fúria nos olhos e também a obstinação de um servo fiel. Apenas parou de me caçar quando saí do território da bruxa. E então percebi, além de uma bruxa louca existe um lince feroz protegendo seus segredos.


Voltei outro dia ao local, à casa da bruxa. Desta vez de forma silenciosa. Uma senhora, que estava fazendo tarefas do lado de fora, me encontrou e começou a conversar comigo. Me pediu ajuda para manter limpo o exterior da casa de madeira que fica nos fundos. Ela recompensaria meu trabalho com algo, mas não disse o que. Me levou até lá e eu não percebi sinal do lince. Só havia uma única regra: não entrar na casa! Mas desconfiei dela e o instinto me revelou: aquela mulher era a bruxa e ela estava me aproximando com intenções ocultas. Eu não sabia o que ela queria comigo, assim como não sabia seus segredos, mas se tratava de algo perverso! Dava para sentir a aura dela, era pesada como a energia que corria nas catacumbas.

A bruxa notou que eu havia descoberto suas intenções, mesmo que não completamente. Foi quando a face dela começou a deformar, juntamente com seu corpo e veio o grito. Aquele maldito grito! E ela correu em minha direção. Novamente escapei por um triz. Tanto a bruxa quanto o lince não me caçavam fora de seu território.

É medonho, mas ainda sinto que tenho a missão de descobrir aqueles segredos. Assim como sinto que preciso entrar na cidade perdida.

 

A floresta das sombras

Do outro lado do riacho que cruza os territórios das Catacumbas e da casa da bruxa fica a Floresta das Sombras. É um local que exploro pouco, mas sempre que retorno a fauna parece mudar. As árvores estão em lugares diferentes, os caminhos são diferentes. Nada é igual a última vez.

A floresta é tão densa que pouca luz consegue entrar. Ainda assim é possível enxergar durante o dia. Seu ambiente passa a sensação de mistério e calmaria. É como se fosse possível encontrar qualquer coisa a qualquer minuto, seja lá o que for essa coisa. Os únicos sons que correm por suas matas são os do vento sussurrando e das folhas farfalhando. É um local que, apesar de seu mistério, não me passa tanto encanto quanto a Cidade Perdida e os Prados do Fauno.


Uma vez encontrei uma garota nessa floresta. Andava descalça, cabelos negros e franja rente aos olhos castanhos. Ela não falava. Aparecia e desaparecia do nada, como se fosse capaz de abrir portais. Se comunicava apenas com os olhos, quando e com quem ela queria, mas palavra alguma saía de sua boca. Era desconfiada e arisca, mas sua energia não indicava qualquer ameaça. Lhe chamava de Garota Muda. Seu passado se interligava com o da bruxa. Mas, depois deste sonho, nunca mais a encontrei na Floresta das Sombras e nem em nenhum outro lugar. Não sei seu paradeiro, mas gostaria de saber.

 

Imagem: Pinterest


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