24.11.2022
O ser humano não tem a capacidade de julgar o certo e o errado, visto que, suas definições irão variar de acordo com a criação, cultura e o mundo interior de cada ser. O próprio certo pode mudar seu extremo de acordo com a situação e o momento, assim como o errado. Pode acontecer até mesmo de, em determinadas situações, uma ação ou decisão considerada extrema se fazer necessária. Mas há algo que nos foi dado a capacidade de executar e, na maioria das vezes, não o fazemos. Se trata de avaliar as consequências.
Como humanos temos a faculdade de pensar a frente do tempo e criar imagens que ainda não ocorreram. Faria sentido, então, questionar-se que cenário seria gerado ao tomar certa decisão. Como esta afetaria na vida de quem a tomou e na vida daqueles ao redor? Quais os sentimentos viriam juntos? Bons? Ruins? Como a pessoa que tomou a decisão lidaria com as consequências dela?
Seria mais interessante e lógico questionar-se o que vem depois de uma ação ao invés de julgar algo como certo ou errado tão precipitadamente. Mas temos preguiça de pensar e a mania de se apoderar de opiniões alheias por mera simpatia com as pessoas que as expressaram. Também temos o costume de nos importar demais com coisas que não valem a preocupação, dificultando a simplicidade do viver.
Eu poderia dar um exemplo do que acabei de escrever, mas se trata de algo íntimo então deixo como segredo. É verdade que adoro segredos!
Seria interessante se cada ser pensasse em uma situação pessoal e praticasse o ato de questionar as consequências.
25.11.22
Hoje encontrei, por mero acaso, um pedaço de dádiva divina chamada liberdade. Fui ao campo, desta vez sem companhia. Contemplei os galhos de uma mangueira. Eram tantos e seus frutos pendiam como brincos delicados ornamentando uma princesa! Os galhos balançavam, alguns lá no alto, outros um pouco mais perto do chão. Então nasceu em mim um desejo sem explicação: eu precisava alcançar aqueles galhos. Me sentar sobre eles seria o objetivo e também o prêmio, apenas. Confesso que não tenho experiência em escalar árvores, mas eu fui, como se aquilo fosse algo natural para mim. Subi pelas extremidades. Dos galhos mais finos e baixos eu alcancei os mais altos e espessos. Então me coloquei de pé sobre dois deles e observei os campos e o gado do alto, dentre a copa daquela mangueira. E foi nesse exato momento que eu senti algo tão forte e tão verdadeiro que não posso explicar com palavras. Era como se toda a criação e toda a vida fizessem sentido e nada fosse triste. Não existiam sentimentos incômodos e mórbidos, só existia vida e os ventos. Ah! Os ventos! Eles sabem brincar com você e brincaram comigo hoje o tempo todo. Quando você se senta sobre um galho, os ventos vêm para balançá-lo, hora manso, hora intenso, como se eles e a árvore estivessem te ninando. Às vezes, de súbito, balançam um pouco mais forte na intenção de assustar, como uma forma de implicância saudável. Eles têm senso de humor!
E fiquei lá, subindo até onde me sentia confortável, mudando de um galho para o outro e repousando nos braços daquela mangueira que, naquele momento, era como uma figura materna. Aquilo era liberdade e eu anseio por mais dessa dádiva.
Choveu um pouco enquanto o sol do entardecer banhava os pastos. Durou pouquinho, mas foi o suficiente para celebrar o momento. Corri de um lado a outro e me banhei na chuva sagrada! O gado olhou curioso como sempre, mas ainda era cedo para celebrarem também, eles costumam expressar alegria nos últimos raios de sol quando se reúnem para o descanso. Estava tudo perfeito, como no Éden, mas faltava uma coisa: não havia uma companhia humana para correr, escalar e celebrar a chuva comigo. Só tinha eu e Deus estava nos ventos, nos sons, na chuva e no sol. Ele estava em tudo, mas eu não tinha um semelhante. Senti um pequeno vazio, mas isso não importava tanto frente as vivências e aventuras!
Invadi o grupo dos gados e deixei que me cercassem para entender a reação deles. Tomaram a esquerda, a direita e fizeram uma barreira em minha frente. Tinha um ou outro por trás, mas não atrapalhariam caso eu precisasse fugir (obviamente eu tinha uma rota de fuga). Ficaram assustados, receosos e curiosos, nada novo! Dois, sendo mais territorialistas que os demais, ameaçaram vir em minha direção de forma não muito amigável. Sinalizei que não tentassem e eles entenderam e me deixaram lá: em pé, na frente deles os observando. Estes tomaram a mesma postura: de pé, na minha frente me observando. Passaram-se uns minutos, foi estabelecida a paz e eles começaram com seus rituais de acasalamento rotineiros. Neste momento eu já havia ficado entediada então fui me sentar perto dos cavalos, já que costumam ser mais tranquilos e receptivos.
Imagem: Pinterest
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