14.04.2023
Negligenciei o hábito da escrita por tanto tempo que, mesmo sabendo das inúmeras novidades que me ocorreram, não sou capaz de citá-las ou dissertar sobre elas.
Me sinto viva, mas por algum motivo não há nada que toque minha alma, nada que eu possa refletir e transformar em arte através das palavras. É como se eu estivesse cheia de vida e vazia ao mesmo tempo. Isso não deveria ser possível. Não que eu esteja vazia de vida, mas de conteúdo, de beleza. Meus olhos enxergam a beleza na simplicidade dos dias, meu coração a sente, mas minha mente não reflete sobre, não transforma essa beleza em conteúdo interno. Talvez eu esteja apenas enferrujada e hiper focada em outros assuntos. Felizmente reconheço minhas fases e sei que logo entrarei em sintonia com a arte que rege este mundo.
Uma pessoa oca poderia, sem muita dificuldade, escrever sobre o vazio. Mas se no vazio não há conteúdo, então também não há o que escrever aqui. Nesse caso a pessoa oca optaria por escrever sobre a única matéria formadora de sua existência: sua casca externa. No entanto o texto se tornaria extremamente banal e cansativo. Restam apenas duas saídas para a pessoa oca: se fundir em seu vazio até tornar-se nada, ou olhar para tudo que existe e escolher com o que ela vai se encher. Se for um pouco esperta, ela vai saber que coisas não palpáveis enchem mais do que as palpáveis, como os sonhos, as emoções, o cheiro de alguém que ama e a visão de um sorriso genuíno.
Coisas não palpáveis! Nós não derramamos suor para tê-las, são nossos presentes divinos e serão nossos até o último dia de nossas vidas. É necessário saber se encher delas!
Imagem: Pinterest
Comments