(2018)
Umbra habita o mundo dos mortos
envolto a bestas que na noite se erigem.
Criaturas horrendas! Do escuro devotos.
No escuro rastejam entre as ruas de Caligem.
Ambiente fosco notavelmente cinéreo,
bosques secos, entulhos de arcabouços.
Umbra não tem sua lápide no cemitério,
sua alma situa-se cativa em calabouço.
Umbra se alimenta da noite e seus abalos.
Crianças têm seus corações à vida devotos.
Umbra tem monstros e não quer deixá-los.
Crianças se assombram com seres ignotos.
Umbra caminha em extremo desamparo.
Crianças com a felicidade fazem votos.
Friamente exponho o conto amaro
de Umbra no mundo dos mortos.
Umbra tem grande aversão a escadas,
nunca foi um segredo sua acrofobia.
Ansiava sempre alturas elevadas
e, em seus devaneios, lá se ía.
Fora de sua mente ele tentava,
tentava novamente, então caía.
E nessa valsa um tanto embriagada,
de passos falsos que não davam em nada,
ele subia, subia e sucumbia.
Pobre Umbra que imagina comumente:
“E se eu soubesse, de repente, o sentimento de viver?”
Mas para ele que, nem morto, nem vivo,
a vida é só um substantivo
que já não vale compreender.
Umbra se alimenta da noite e seus abalos.
Crianças têm seus corações à vida devotos.
Umbra tem monstros e não quer deixá-los.
Crianças se assombram com seres ignotos.
Umbra caminha em extremo desamparo.
Crianças com a felicidade fazem votos.
Friamente exponho o conto amaro
De Umbra no mundo dos mortos.
Imagem: John Kenn
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