05.08.2022
Havia melhorado por, aproximadamente, uns 10 dias, então voltou tudo de novo. Estou me sentindo mal fazem 7 dias.
Perdi o apetite por toda comida que vejo em minha frente, principalmente se forem carnes. O alimento parece chato, feio e sem gosto, ou, quando sinto algum sabor, este é ruim e me incomoda. O único lanche que ainda me fazia feliz era pão com ovo frito, mas agora o ovo tem um gosto horrível e o pão é difícil de mastigar e engolir. O cheiro das comidas tem me enjoado. Eu raramente como algo.
Um inferno acontece dentro de mim todos os dias da minha vida, quer seja um dia "agradável", quer não. Minha mente nunca se cala e fala coisas que me fazem mal, uma frase atrás da outra, uma imagem atrás da outra. São sempre coisas que nunca aconteceram e, provavelmente, nunca vão. Me sinto extremamente cansada, angustiada, pois a medida que acontece muita coisa dentro da minha cabeça, acontece nada no mundo real. A sensação é de que vivo apenas dentro de mim enquanto a vida aqui fora vai embora. Eu não consigo acompanhar. É como se eu estivesse em coma.
Tenho dormido, aproximadamente, de 14 a 20 horas por dia. Toda vez que preciso levantar da cama é como se eu gastasse uma quantidade enorme de energia e esforço.
Hoje tentei mexer meus dedos da mão enquanto implorava para mim mesma que levantasse. Consegui movê-los, mas senti dor ao fazer isso, não uma dor física. Da mesma forma sinto dor quando tenho que mover meu corpo de um cômodo para outro ou cumprir com os atos de higiene e auto cuidado.
Acho que meu remédio não faz mais efeito. Eu sei, deveria ajudar o remédio me alimentando bem, pegando sol e fazendo atividades físicas, mas como vou fazer isso
se a comida me da enjoo e não tenho forças para mover o corpo?
Em um âmbito social percebi que quando estou nesses dias ruins desaprendo a interagir. Minhas habilidades sociais somem e eu fico com certo medo e raiva das pessoas. Não gosto de vê-las, não gosto de ouvi-las, seus sons me incomodam, assim como qualquer som urbano. A sensação de um mero tom de voz mais alto que o comum é a de uma foice acertando minha cabeça e meus ouvidos. Se têm muitos sons urbanos ao mesmo tempo, em um volume alto, me sinto desnorteada e me surge um ódio muito grande. Como tenho ficado sempre em casa, os sons que mais me incomodam são os da TV, do carro do ovo, a buzina do padeiro, as falas altas dos meus pais e os latidos dos cachorros da vizinhança.
Eu poderia escrever bem mais sobre este inferno em vida, o que é engraçado pois essa frase me faz lembrar o quão inútil é o medo que as pessoas têm de um inferno que
elas nem sabem se existe e muito menos como é se existir. O inferno é aqui e agora, dentro de nossas mentes. ao mesmo tempo este medo faz sentido tendo em vista que
o ser humano sofre muito mais pelo que não aconteceu do que pelo agora.
Eu não tenho um fim para esse texto.
Comments